Saudações alternativos e alternativas do Brasil e do mundo. Resolvi dar uma variada no blog e a partir de agora além dos filmes, álbuns e reflexões, irei postar poesias e crônicas da literatura marginal. Mas o que é literatura marginal?
Literatura marginal e o movimento literária criado por moradores de bairros de periferia retratando o seu cotidiano, suas histórias, poesias e crônicas e como a cultura hip hop, se transformou em uma importante forma de expressão dos excluidos e marginalizados sociais .
Três grandes expoentes da literatura marginal são Sérgio Vaz, Alessandro Buzo e o Férrez que já tiveram seus trabalhos lidos e analizados em vários países do mundo.
Essa é uma poesia de minha autoria, espero que vocês gostem e comentem. Um grande abraço e um excelênte final de semana a todos.
Sou de Lá
Sou de lá, onde o sono bate mais rapido
onde o dia é mais puxado e o aconchego é mais modesto.
Sou de lá, onde o galo canta mais cedo
onde o dia nasce primeiro e a batalha é diária.
Sou de lá, onde os sonhos são mais simples
onde o povo é mais humilde e a união é a saida.
Sou de lá, onde vizinho é quase família
e não apenas uma pessoa a quem só se dá bom dia
Sou de lá, de onde a verba é escassa
mais se vive com garra é com fé no amanhã.
Sou de lá, onde o medo vem de fora
da elite temerosa que desvia o olhar.
De onde eu vim, quando o estado esta presente
a alegria fecha a porta e a injustiça vem de cinza.
De onde eu vim é que são despejadas as promessas
são recolhidos os votos e a verdade é abandonada.
Sou de onde nascem as "donas Marias" e os "seus Joses"
que com honestidade criam as futuras gerações.
Sou de onde sai o sangue e o suor
que dão liga ao cimento que constroi a mansão.
Sou de lá, onde a viajem é longa
onde o barro empreguina a sola desgastada do sapato.
Sou de lá, onde o sabado é aguardado
o churrasco, o batuque e os amigos são sagrados.
Sou de onde o dia traz bola, risos, brincadeiras
e a noite traz fumaça, medo e delírios.
De onde eu vim a miséria e a bondade são aladas
abitando o mesmo lar construido pelo descaso.
Mas a cidade não existiria sem a nossa força
o concreto não protegeria a alusão do isolamento,
pois lá de onde eu vim é o berço da esperança
dessa gente que não se cansa de lutar pela euforria.
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