O Porão Alternativo é um blog destinado a difundir por meio de filmes, músicas, reflexões, diálogos, dicas, literatura marginal, idéias, pensamentos e informações, tudo que for relacionado a cultura alternativa e underground. Nosso intuito não é cultuar o modísmo e a superficialidade das artes mas sim exibir conteúdo de qualidade atravéz de um acervo cultural criteriozamente selecionado para entreter, divertir e informar. Deis de já agradeçemos a sua vizita e seja...






sexta-feira, 1 de junho de 2007

Cidade dos Corpos Vazios



Andando como de costume pelo centro de São Paulo, tive uma apavorante, mas explícita revelação: a terra esta infestada de mortos-vivos, ligados em seus I-Pods e I-Pads. Corpos vazios, sem sentimento, emoções ou piedade.
Por que agora tive essa revelação se deiz de criança ando pelas ruas do centro? As vezes andamos pelas ruas históricas, nos deslumbramos com arranha-céus e prédios tombados pelo patrimonio histórico, com a mescla de tribos, estilos, raças, línguas, cores, crenças, etc... e não olhamos para baixo. É isso mesmo, para baixo, para as calçadas e sargetas do nosso Brasil.
Histórias impressionantes de sonhos despedaçados, abandono, violência, descaso, preconceito e vícios de pessoas que só fazem parte das estatísticas quando morrem como indigentes decorrente ao frio, doenças ou a ações violentas de policiais, playboys "rebeldes sem causa", skinheads e traficantes.
Histórias que ecoam na selva de concreto chamada São Paulo, mas só são ouvidas por pessoas do que eu chamo de "sub-mundo". Viciados, criminosos, mendígos, menores abandonados, prostitutas, policiais e marginalizados são testemunhas oculares de um mundo que para a "sociedade" não exíste.
Em certa ocasião, fui abordado por um mendigo na Praça do Correio que me pediu um cigarro (na época eu ainda fumava) e começou a me contar alguns trechos da sua vida mais que sofrida. Ele disse que morava na rua a 6 anos, que já teve um emprego em uma multi-nacional, família, 3 filhos, carro, casa própria, enfím, uma vida dígna que por causa do alcoolísmo foi totalmente perdida.

As pessoas ao meu redor começaram a me olhar com expressão reprovadora por eu dar atenção para uma pessoa que, para eles, era vista como um ser de menor valor. Apesar de tudo, ele era um homen muito inteligente, educado, e preocupado com o meio ambiente, pois não jogava lixo no chão. O meu ônibus chegou e quando ia subir ele me disse "abrigado pelo cigarro e pela conversa, é difícil alguem parar pra conversar comigo".

O meu ônibus partiu, mas o meu pensamento permaneceu na Praça do Correio. Como pode um país ignorar o potencial do seu próprio povo, quer dizer, como pode A PRÓPRIA POPULAÇÃO ignorar a existência de pessoas que já fizeram muito pelo nosso país (e se for ver bem ainda fazem mais do que a grande maioria)?

Mães com crianças recém nascidas no colo a procura de droga, crianças viciadas tendo overdose, mendígos bêbados morrendo sem atendimento ou ampáro e muitas outras situações impressionantes recheiam as calçadas e sargetas das nossas ruas, mas para grande maioria é mais fácil fingir que nada está ocontecendo, pois são incapazes de olhar para aquela situação sub humana e ao menos procurar agradecer a Deus por ter um teto que os protege, um prato de comida que os alimenta, uma cama quentinha e um emprego. Mas não, todos estão muito ocupados se preocupando com seus carros novos, seus celulares modernos, suas roupas chiques ou em que restaurantes vão comer.

Essas pessoas tão privilegiadas e abastadas deveriam, por regra, propagar o sentimento de humanidade, mas ao invés disso se fecham em seus mundos minimalistas e aparentes. Zumbis Cibernéticos, cadáveres sem alma, vivendo com indiferença e insensibilidade, transformando nossa cidade em uma cidade de corpos vazios.